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A 5ª edição do Mexe propõe um encontro com as diversas formas de produzir “o comum” no agora

 

Em tempos de desfoque do essencial, de realidades fabricadas e crises múltiplas, a confusão instala-se de forma estratégica e a ela associa-se o medo que domina os nossos quotidianos. O convite para MEXER em “comum”, durante uma semana, convoca-nos a questionar as lógicas de vida rígidas normativas que nos são apresentadas como caminhos únicos para os impasses que vivemos enquanto coletivo humano. O nosso foco é “o comum”, a forma de o construir numa lógica participada gerando alternativas, por agora aparentemente “impossíveis”, mas que se tornam possíveis perante a respiração e o decidir dissipar a confusão. Seduz-nos a diversidade, o confronto construtivo, as relações horizontais e responsáveis como estímulo à evolução humana e à democracia que se configura hoje muito frágil.

Arriscamos, no conteúdo e na forma, com uma programação que tenta falar desde as realidades e não sobre elas. Arriscamos procurando ultrapassar medos e experimentando com base no poder de sermos coletivo. Arriscamos com cidadãos, artistas, comunidades locais, coletivos diversos, parceiros formais e informais. Arriscamos convidar-vos para encontros inusitados cruzando: pessoas que não se encontrariam provavelmente de outra forma; o imaterial e material; o visível e invisível; o local e global; o público e privado; e áreas distintas. Arriscamos a colaboração com 34 parceiros, convocando mais de 400 pessoas, de 27 grupos de 6 países para 70 ações em 22 espaços transversais a toda a cidade. Arriscamos porque o fazemos juntos e porque entendemos a vida como uma celebração contínua.

Num vai-vem integrador entre centro e periferia, esta edição é de todos os que queiram MEXER, com particular destaque para os jovens, a programação em espaço público e a pujante criação artística Africana, Latino-americana e do Sul da Europa. Aprofundamos e construímos novas relações de cumplicidade com parceiros nacionais e internacionais, vitais para a concretização desta edição.

No campo do pensamento “o comum” concretiza-se numa organização conjunta e invulgar entre 9 entidades do ensino superior, portuguesas e estrangeiras, com a participação de mais de 100 investigadores, na 3ª edição do EIRPAC (Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas Artísticas Comunitárias). Criamos juntos o Mexe Casa uma proposta de vivência de proximidade para o público não morador no Porto que inclui alojamento, alimentação e acesso à programação. Propomos a concretização do Mexe Praça que se expressa num ponto de encontro fundamental entre os protagonistas desta semana no Jardim de São Lázaro com uma proposta musical diária noturna e produção de uma fanzine, respondendo à urgência de inscrever o quotidiano destes dias. Este espaço receberá ainda a grande Parada de fecho desta edição que envolverá todos os grupos participantes. Finalmente o Mexe Cidade convida estruturas e coletivos da cidade de diferentes áreas que se queiram associar a esta discussão dentro do seu âmbito habitual de ação. Nesta edição mantemos a maior parte da programação com acesso gratuito e a interpretação em Língua Gestual Portuguesa, reforçando a nossa preocupação com a democratização e democracia cultural como processos ainda por concluir.

Marcamos encontro no risco, no que ainda há para construir, no corpo a corpo, no confronto com o medo e no espaço de uma criação artística que é de todos e para todos. Este é o nosso compromisso, o continuar a encarar o incómodo como um catalisador à produção do “comum”, tão necessária, principalmente em tempos de confusão. Clarifica-nos o contraditório, a diversidade, os olhares múltiplos. Somos convocados a habitar o incerto como terreno arejado à criação e à produção de novas configurações de criação artística, programação, política e modos de vida. Gratos pela possibilidade de estarmos juntos e pela realidade de construirmos outras formas de viver cidade, nem que seja durante uma semana, como um treino que nos prepara para resistir aos dias que ainda não são “comuns”.
Estamos a MEXER!

Hugo Cruz
Diretor Artístico

 

Ficha técnica
Hugo Cruz | direção artística
Fernando Almeida | direção executiva
Carina Moutinho | direção de produção
Maria João Mota | coordenação EIRPAC
Wilma Moutinho | direção técnica
Sara Cunha | assessoria de imprensa
Irina Pereira | design gráfico
Patrícia Barbosa | gestão de redes sociais
Patrícia Poção | registo fotográfico
Salvador Gil | angariação recursos
Rita Aquino e Felipe de Assis | curadores convidados

 

Mais informações: https://www.mexe.org.pt/pt/#mexe